O candidato José Luiz Datena (PSDB) disse não ter se arrependido da cadeirada que deu em Pablo Marçal durante o debate da TV Cultura, na noite deste domingo (16). Ele admitiu, no entanto, que perdeu a cabeça na agressão.
"Claro que não", respondeu Datena, ao ser questionado por uma repórter da TV Cultura se teria se arrependido. O tucano justificou que a agressão foi uma reação às acusações de assédio sexual feitas contra ele por Marçal no bloco anterior.
Datena disse que a cadeirada foi uma "satisfação" para a sua sogra. Segundo o candidato, ela teria morrido de AVC (Acidente Vascular Cerebral) em decorrência das acusações de assédio, na época em que o caso se tornou público.
Minha sogra morreu depois dessas acusações, durante esse período que todos nós, da nossa família, sofremos. Ninguém suporta isso. Achei que devia uma satisfação a ela por ter sido acusado por um canalha desses.
Logo após ser expulso do debate pela agressão, Datena admitiu a jornalistas que perdeu a cabeça. "Infelizmente, eu perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não. Poderia ter simplesmente deixado o debate e ido embora para casa, que teria sido melhor", disse o tucano, que afirmou ter tido uma "reação humana que não pude conter".
Datena afirmou que pretende manter candidatura até o fim, mesmo após agressão. Segundo assessoria do candidato, a agenda de campanha dele está mantida para esta segunda-feira (16), no bairro de Santana.
Datena se aproximou do púlpito de Marçal e bateu nele com uma cadeira. Marçal se defendeu com os braços. Seguranças entraram no palco, e a TV Cultura chamou o intervalo, exibindo imagens de programas antigos da emissora.
Imediatamente antes da cadeirada, Marçal disse que Datena "não era homem" para bater nele. O ex-coach estava fazendo referência ao debate da TV Gazeta/My News, em 1º de setembro, quando Datena deixou seu lugar no palco e foi em direção a Marçal. A mediadora do debate, Denise Campos de Toledo, chegou a chamar os seguranças, mas Datena retornou ao local onde estava posicionado, sendo advertido.
A agressão ocorreu no quarto bloco, mas a tensão entre Datena e Marçal começou antes, no segundo bloco, quando Marçal afirmou que Datena assediou uma mulher. Datena foi sorteado para fazer uma pergunta para Marçal, mas disse que preferiu se reservar "o direito de não perguntar nada para o Pablo Marçal, porque até agora ele subverteu toda perspectiva desses debates". No seu tempo de resposta, Marçal chamou o apresentador de "Dapena", acusou o apresentador de um caso de assédio sexual e disse que ele deveria pedir perdão às mulheres. "Eu quero saber se você tocou na vagina dela como é que foi essa questão de assédio sexual".
Datena se disse inocente, falou que caso foi arquivado e acrescentou que esse foi um tema que gerou "grande problema" para a família dele. "Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas."
Após a agressão, Marçal pediu para se retirar do debate e seguiu para um hospital, segundo a sua assessoria.
A TV Cultura expulsou Datena do debate após a agressão, conforme previsto nas regras. O debate então continuou a ser transmitido ao vivo com os demais candidatos: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (NOVO). O apresentador Leão Serva afirmou que antes da agressão, Datena havia cometido outras falhas graves, ao usar duas palavras de baixo calão.
O apresentador Serva disse que foi "um dos momentos mais absurdos da TV brasileira, certamente dos debates".
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